terça-feira, 16 de junho de 2009

História do acontecimento

"A volta do acontecimento é mais surpreendente por se colocar num terreno em que Lucien Febvre e Marc Bloch haviam sido particularmente militantes. A luta contra a história fatual, superficial em todos os sentidos da palavra, que escapa à longa duração, sobretudo política e desvinculada das estruturas, havia sido o alvo número um dos primeiros Annales. Sua votla está ligada a transformações profundas que restauram seu direito de cidadania no território da história. A primeira, bem analisada por Pierre Nora, é a criação do acontecimento pela mídia, que lhe porporciona um estatuto privilegiado na história contemporânea. A segunda é a possibilidade, doravante, de fazer do acontecimento a ponta do iceberg e estudá-lo como cristalizador e revelador das estruturas" (in A História Nova, pags 9 e 10)

Entendo que a internet é a principal mídia propulsora da história do acontecimento. No portal do programa AcessaSP, existe uma seção chamada "Eu me lembro", onde pessoas podem, livremente, depositar qualquer fato que se lembrem. Desde algo que tenha acontecido hoje no trajeto de casa até a padaria, como memória de algo que lhes aconteceu na infância. Entendo ser esse um repositório de fontes históricas importantíssimo. A partir de um depoimento ali postado, outras pessoas podem comentar e fazer relação com algo que elas se lembrem também.

Sem um mediador, elas estão fazendo o que Le Goff disse sobre "fazer do acontecimento a ponta do iceberg". Além de analisar e comentar em cima, elas acabam por aprofundar aquele tema porposto orginalmente. O historiador que desejar estudar uma determinada época, pode se utilizar desse espaço como fonte, aplicando os conhecimentos da ciência histórica para dialogar com os conhecimentos ali depositados e partir para revelar as estruturas.

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